Política & Economia

Especial – O 2 de Julho do interior

A caminho de Salvador

A cada ano, as comemorações do 2 de Julho vão ganhando um colorido diferente. Além da manifestação livre do povo, a politização é evidente. Mas um outro ingrediente também já pode ser notado, pelo menos neste ano pré-eleitoral: como acontece no carnaval, o interior cada vez mais ocupa os caminhos de Salvador para a Festa da Independência, embora distante dos ideais de Maria Quitéria e do general Labatut.

Maior caravana

De todos os partidos, o PT e o PMDB foram os que mais trouxeram militantes para o cortejo. Do PMDB, além das inúmeras caravanas lideradas por prefeitos, deputados, vereadores e lideranças também ocuparam as ruas da Lapinha ao Pelourinho. O presidente estadual do partido, Lúcio Vieira Lima, informou que todos vieram voluntariamente. Apenas um caso ou outro veio atendendo a um convite natural.

Prefeitos invadem Salvador

O presidente do diretório de Salvador, Pedro Tavares, tem a mesma opinião. “Eles vieram para compromissos políticos e aproveitaram para participar da festa junto com o PMDB”. Tavares lembrou os nomes de alguns prefeitos que estavam presentes: Alceu Barros (Pedrão), Roberto Leite (Jandaira), Adelson Oliveira (Iaçu), José Carlos (São Gabriel), Edson Brito (Marcionilio Souza), Antonio Miranda (Aratuipe), Delísio Oliveira (Abaré), Alex Freitas (Acajutiba), Eranita Oliveira (Madre de Deus), Adilson Nascimento (Mirangaba), Carlinhos Sobral (Cel. João Sá), Ruy Dourado (João Dourado), Hildécio Meireles (Cairu), além de vice-prefeitos, vereadores e lideranças.

João e Roberto

Mas os prefeitos de Salvador, João Henrique, e o de Bom Jesus da Lapa, Roberto Maia (também presidente da UPB), foram as principais estrelas entre os que se juntaram á claque peemedebista. Ao lado do ministro Geddel Vieira Lima, do presidente Lúcio Vieira Lima e de deputados federais e estaduais, os prefeitos fizeram a festa completa. Não pudemos acompanhar o bloco peemedebista por estarmos em outro pelotão do cortejo, mas Lúcio se encarregou de definir a receptividade do público: “Maravilha”.

Mobilização dos deputados

Em ano pré-eleitoral, é provável que tenha havido algum esforço dos deputados para mostrarem força e unidade para as eleições que se aproximam. Colado na cúpula peemedebista e fazendo parte dela, o deputado Leur Lomanto, com base eleitoral em Jequié, foi um dos nomes mais procurados durante o desfile. Mas estavam lá também outros deputados com base no interior, como Joélcio Martins (Santaluz), Marizete Pereira (Brumado), Virginia Hagge (Itapetinga) e Luciano Simões (semi-árido).

A sela de Pedrão

Dentre todas as caravanas vindas do interior, certamente a mais forte foi a do prefeito Alceu Barros, de Pedrão. Barros é um senhor disposto, daqueles sertanejos que não levam desaforo para casa. Aliás, desde a abertura dos Encontros Regionais do PMDB que ele chama a atenção. Naquela oportunidade, ao microfone, depois de debochar da ajuda que os municípios recebiam do governo, declarou com o seu jeitão matuto: “Na minha terra, cavalo selado tem que montar. Agora, quem monta é você, Geddel. Quem quiser que pongue na garupa”. O salão do Othon, lotado, explodiu na risada.

Renato Costa representou o Sul

Do Sul do estado, o pré-candidato a deputado estadual Renato Costa também foi presença marcante durante o desfile pela Independência da Bahia. Colado no ministro Geddel Vieira Lima, Costa já sabe que é uma das apostas do PMDB para a eleição da Assembléia Legislativa. Aproveitando a sua vinda a Salvador, ele cumpriu uma série de compromissos políticos, colocando a sua agenda em ordem.       

PT mobilizou região metropolitana

Mas o PT também veio em peso para a capital baiana. Além de prefeitos, deputados e vereadores, verdadeiras caravanas invadiram as ruas do Centro Histórico. De Camaçari, além do prefeito Luiz Caetano, vieram também dezenas de militantes. De São Francisco do Conde, a prefeita Rilza Valentin enviou um exército fardado. E assim foi a tônica de vários municípios, incluindo aqueles que os nossos olhos não conseguiram alcançar.

Soldados de defesa

Um caso curioso mereceu destaque para quem pode testemunhar. Nas ruas estreitas por onde o cortejo passou, num determinado momento os manifestantes da Cultura e da Polícia Civil intensificaram os protestos contra o governo Jaques Wagner. Orientados, os soldados petistas vindos de São Francisco do Conde, mas alheios aos ideais de Maria Quitéria, entraram em campo e gritaram loas para Wagner. E trataram de lhe dar força e abafar o esquema previamente montado pelos manifestantes.

A vaga do Senado

Presente no desfile do 2 de Julho, o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, defendeu a inclusão de um nome do PT para o Senado na chapa majoritária que deverá ser encabeçada pelo governador Jaques Wagner.

Eleição do PT

Lançado pelo ex-presidente Marcelino Galo para disputar a presidência do partido na eleição de novembro, Caetano agiu com diplomacia, mas não se colocou fora da disputa. Ele quer um nome “que una o partido para facilitar a reeleição de Wagner”.

Geraldo com Juçara Feitosa

O deputado federal e ex-secretário estadual da Agricultura Geraldo Simões também foi presença marcante no desfile pela independência da Bahia. Ao lado da sua esposa, Juçara Feitosa, candidata do PT derrotada na eleição para prefeito de Itabuna em 2008, Simões também defendeu a inclusão de um nome do partido para compor a chapa majoritária numa das vagas disponíveis para o Senado.

A candidatura de Juçara

Desfilando ao lado do esposo, Juçara Feitosa dava passos cuidadosos e agia com discrição pela falta de entrosamento com a imprensa soteropolitana. Mas Simões abria-lhe os caminhos e ela seguia firme distribuindo simpatia, mesmo que o casal ainda não quisesse assumir a sua candidatura para a Assembléia. “Nós vamos conversar. Se o partido entender que ela deve ser candidata, poderemos assumir”, disse Simões.

Equilíbrio

Aliás, Geraldo Simões demonstrou muito equilíbrio e simpatia no trato com a imprensa. Inserido no bloco do governador, ele atendia a todos e ainda teve tempo para falar sobre as eleições de 2010. Cético em relação a uma aliança com o PMDB, reconheceu que será difícil a presença do ministro Geddel na chapa, mas admitiu que, se houver uma recomposição, estaria pronto para apoiar. “Política é assim mesmo”, disse.

Cenário sem Geddel

Parece que os petistas já perceberam que não adianta mais reservar uma vaga para o ministro Geddel Vieira Lima, por isso começaram a defender abertamente a inclusão de um nome do PT para disputar o Senado. Só não explicam como é que vão acomodar a promessa feita à deputada federal Lídice da Mata (PSB) e o convite formulado ao conselheiro do TCM, Otto Alencar, para integrar a chapa governista.

“Geddel está encurralado”

O deputado José Neto, com base eleitoral em Feira de Santana, também compareceu ao desfile. Neto conversou com a imprensa logo após a coletiva do governador Jaques Wagner. E revelou que o ministro Geddel está “encurralado” depois da aliança formulada por tucanos e democratas para as eleições de 2010. “Serra acabou com toda a história de ficar esperando uma decisão de Geddel. Ele disse que Paulo Souto vai ser o candidato. Quero ver agora como é que ele vai ficar”, declarou Neto, ainda apostando que a opção do ministro em 2010 será uma composição com o PT.

Democratas e tucanos

Segundo o deputado federal José Carlos Aleluia, nem os democratas nem os tucanos se preocuparam em mobilizar caravanas do interior para participar do desfile do 2 de Julho em Salvador, e condenou a politização da data. “Nós entendemos que a festa é pela independência da Bahia, mas aqui virou uma coisa parecida com festa popular, sem qualquer conotação cívica”, lamentou.

Receptividade

Mas Aleluia disse ter gostado da receptividade do público ao bloco oposicionista. Integrado por tucanos, democratas e republicanos, no bloco estavam, além dele próprio, o ex-governador Paulo Souto, o senador Cezar Borges, o deputado federal ACM Neto, o ex-prefeito Antônio Imbassahy e a deputada estadual Maria Luiza, esposa do prefeito João Henrique. “A receptividade foi muito grande, com o povo pedindo o nosso retorno, sinalizando com as mãos, e protestando contra o governo”, assinalou Aleluia.

 

São Félix

Aleluia disse que, à tarde, foi a São Félix, no Recôncavo baiano, para acompanhar o desfile local. “Lá tem um desfile bonito, uma festa cívica e cultural verdadeira, sem qualquer disputa política”, elogiou.

Evandro Matos

       

      

         

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