História

Especial – Guerrilheiro Marighella recebe homenagens em todo o Brasil

Em Salvador, para lembrar os 40 anos de morte do militante político Carlos Marighella, assassinado numa emboscada por agentes do Dops, em 4 de novembro de 1969, durante a ditadura militar, o governo estadual, em parceria com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, realizou nesta quarta-feira (4) uma cerimônia em homenagem ao líder comunista. O neto do lider, Paulo Marighella, esteve presente.

O evento foi realizado com a presença do ministro da Secretaria Especial dos Diretos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi, na Biblioteca Pública dos Barris, onde ocorre também uma exposição sobre o regime militar que dominou o país a partir de 1964.

O deputado federal Emiliano José lembrou da luta de Marighella pela democracia desde os 18 anos. “Ele enfrentou muitos combates. Foi torturado durante o governo estadual de Juracy Magalhães, em 1932. Não teve medo de enfrentar os militares durante a ditadura. Até que, em 1969, foi assassinado por seus inimigos. Hoje, fazemos uma justa homenagem a este baiano que não teve medo de morrer pela democracia”.

São Paulo fez ato político

Uma série de atividades em São Paulo lembrou os 40 anos da morte do guerrilheiro Carlos Marighella. Nesta quarta-feira (04), houve um ato político na Alameda Casa Branca, nº 806, Jardim Paulista, a partir das 11h, quando foram colocadas flores no local de sua morte. A atividade teve presença da ex-companheira de Marighella, Clara Charf.

Á noite foi exibido o filme “Mariguella: retrato falado de um guerrilheiro”, de Silvio Tendler, no Salão Nobre da Câmara Municipal. Em seguida, em sessão solene, foi concedido a Marighella o título de cidadão paulistano “in memoriam”.

No sábado (07), às 11h, será aberta a exposição  “40 anos Marighella Vive”, junto com o lançamento do livro “Carlos, a face oculta do Marighella”, de Edson Teixeira no Memorial da Resistência (Largo General Osório, nº 66, bairro da Luz).

Rio quer Marighella como nome de Avenida

Antigos militantes da Aliança Libertadora Nacional (ALN), organização de esquerda que foi comandada por Carlos Marighella, lançaram nesta quarta-feira, data em que há 40 anos foi assassinado o ex-guerrilheiro em São Paulo, a campanha para dar seu nome à Praça Marechal Floriano, no centro do Rio, tradicionalmente conhecida como Cinelândia.  

“Esta praça  é simbólica, foi palco das principais campanhas políticas desde a do Petróleo é Nosso. Ela abrigou a passeata dos 100 mil. Por aqui começaram o terminaram grandes outras passeatas e manifestações, como a da Anistia e das Diretas Já”, lembrou o também ex-comandante da ALN Carlos Eugênio Sarmento da Paz, ao justificar o movimento para dar à praça o nome de Marighella. 

Nesta quarta-feira, simbolicamente, os participantes da manifestação – havia representantes do PT, PSB, PCdoB, PCB e PDT – colaram nas placas da praça o nome do ex-líder da organização de esquerda. Na Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Leonel Brizola Neto tramita um decreto legislativo lhe dando o título de cidadão carioca. Na próxima semana o movimento dará início à coleta de assinaturas em um abaixo-assinado de forma a forçar os vereadores cariocas a aprovarem a legislação necessária para mudar o nome da praça que também abriga a Câmara.

Um pouco da história

O ex-deputado comunista e guerrilheiro Carlos Marighella foi morto pela polícia com uma rajada de metralhadora, em São Paulo, em 4 de novembro de 1969, quando tentava entrar num Volkswagen azul, na esquina das Alamedas Lorena e Casa Branca, onde se encontraria com dois padres presos que serviam de isca aos policiais.

De acordo com a versão das autoridades, Carlos Marighella, que chegara ao local numa camioneta Willys, não atendeu à voz de prisão que lhe deu o delegado Fleury, do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), e foi atingido por uma rajada no peito e na cabeça, enquanto seus dois companheiros reagiram aos tiros, matando a investigadora Estela de Barros Borges, que participava da operação.

A polícia havia descoberto a maneira de encontrar Carlos Marighela quando, dias antes, havia prendido 11 padres, num convento do bairro do Paraíso, que seriam associados ao guerrilheiro. Dois deles colaboraram então com a polícia na prisão de Marighela, marcando um encontro com o guerrilheiro sob a justificativa de tratar de alguma ação subversiva, e agachando-se na parte de trás do Volkswagen quando o terrorista foi atingido pela rajada de metralhadora. O local do encontro era vigiado pelo DOPS e pela Polícia Federal, com seus agentes disfarçados de casais espalhados pela região.

Ao atravessar a rua, Marighella ouviu o delegado Fleury gritar: “Pare ou atiro”. O ex-deputado teria então corrido para o Volkswagen, e já tinha conseguido entrar quando foi atingido por vários tiros no tórax e um na cabeça, caindo deitado no assento traseiro do carro. Os dois companheiros do ex-deputado reagiram aos tiros, baleando uma investigadora e o delegado Rubens Tucunduva, do DOPS, que foi atingido de raspão. Ao entrar no carro, Marighella levava uma maleta preta com várias armas, mas não teve tempo de usá-las.

Inimigo da ditadura

Carlos Marighella nasceu no dia 5 de dezembro de 1911, em Salvador, Bahia, e foi um dos principais organizadores da luta armada para a criação de um estado socialista no Brasil. Em 1929, começou a cursar engenharia civil na Escola Politécnica da Bahia e a se interessar por política, entrando para o Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Em 1936, abandonou o curso e passou a dedicar-se inteiramente ao ativismo político. Durante sua vida, Marighella foi presa e libertada vária vez a medida que o PCB se tornava ilegal. Em 1967, começou a discordar com as teses de seus companheiros comunistas, aderindo às idéias de focos insurrecionais e de guerrilhas defendidas por Régis Debray e Che Guevara. Marighella foi então expulso do PCB e fundou o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), tornando-se um dos principais inimigos do regime militar brasileiro.

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