História

Maragogipe sobrevive ao axé com mascarados, marchinhas e deboche

Nem parece que a pouco mais de 130 km dali trios elétricos gigantes reproduzem enfurecidos o “Rebolation”, o “Lobo mau” ou o “Me dá a patinha” – os hits com refrões de duplo sentido do momento em Salvador.

“Nos anos 80 a tradição foi bem ameaçada pelo sucesso do axé no Brasil inteiro”, conta Luiz Carlos Brasileiro de Andrade, o secretário municipal de Cultura e Turismo. “Tivemos que nos adaptar. Foi criado um minitrio com um grupo tocando ‘tchan’ e essas outras músicas do santanás, que eu, em particular, odeio. Infelizmente não dá para ignorar para a modernidade”.

Para alívio do secretário, a modernidade existe sim e as “músicas do satanás” tocam vez ou outra na cidade. Mas o que prevalece são as marchinhas, conforme manda a tradição da folia de Maragogipe, estabelecida há 130 anos. Prova disso, é que a nova geração de foliões locais gosta mesmo é de brincar à moda antiga. Com certo toque de vanguarda, diga-se.

A estudante Brenda Brito, 16 anos, por exemplo, trocou a máscara com chifres por uma do personagem Jason, de “Sexta-feira 13”. E o macacão de cetim deu lugar para a camisa de mangas compridas com listras pretas e vermelhas como a do serial killer do filme.

“Adoro filme de terror, o Jason é meu preferido”, conta a adolescente. Quando a reportagem pede que a garota tire a máscara para uma foto, a negativa é enfática. “Ninguém mostra o rosto no carnaval!”.

Quem desobedece a regra, é atacado por bandos de mascarados. Eles andam com tubos de espuma, confetes, armas de plástico que jorram água – pelo menos, pede o bom senso que seja água – e toda uma série de artefatos à serviço do deboche.

O clima de alegria e irreverência, no entanto, não marca a abertura dos dias de folia. O carnaval começou na noite de sexta-feira (12), quando os foliões do município de 43 mil habitantes saíram do cemitério local rumo ao centro, ao som de marcha fúnebre.

“Ninguém sabe ao certo explicar porque isso acontece. Nosso carnaval tem influências ibéricas e africanas, mas ao longo do tempo desenvolveu um jeito todo maragojipano de ser”, afirmou o secretário.

Além dos mascarados e das invencionices peculiares, a festança em Maragogipe tem exposições de fotos de carnavais de outrora, blocos populares, barracas de cocada, vatapá e acarajé e outras delícias da cozinha baiana. As informações são do G1.

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