Dia do Cinema Brasileiro: 10 filmes nacionais premiados no exterior

19 de junho, o Dia do Cinema Brasileiro celebra a primeira captação de imagem em movimento registrada no país, datada de 1898.
Desde a primeira exibição de um filme no Brasil, em 1896, no Rio de Janeiro, às primeiras produções nacionais, datadas do início do século 20, com o curta “Os Estranguladores” e o longa “O Crime dos Banhados”, o cinema ganhou espaço como uma das formas mais reconhecidas de expressão da cultura nacional. Comemorado em 19 de junho, o Dia do Cinema Brasileiro celebra a primeira captação de imagem em movimento registrada no país, datada de 1898. De lá para cá, vertentes distintas marcaram roteiros que passaram pelas salas de exibição: o Cinema Novo, rompendo padrões estrangeiros para realçar temáticas populares de cunho social e político; o Cinema Marginal, de contestação ao regime militar e à extinta Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), submetida aos interesses da ditadura; as chanchadas e pornochanchadas, comédias, musicais e pornôs, montadas com baixos orçamentos, transcendendo o período no qual foram realizadas.
Mais recentemente, iniciativas entre as quais o Centro Afro Carioca de Cinema e plataformas e festivais de cinema indígena têm invertido a lógica de dominação imposta por setores da elite ao resgatar trabalhos invisibilizados e impulsionar a diversidade entre diretores, elencos, equipes técnicas e roteiros nas produções rodadas dentro do país.
Internacionalmente, entre momentos de efervescência ou de crise para a indústria cinematográfica, obras nacionais alcançaram o público estrangeiro e prestigiadas premiações em festivais da África, América Latina e Europa, colocando o cinema brasileiro na memória coletiva de outros lugares e países.
Confira abaixo alguns exemplos desses filmes que ganharam o mundo.
Central do Brasil
Dirigido por Walter Salles, foi vencedor de prêmios como o troféu Globo de Ouro na categoria de melhor filme estrangeiro e sempre lembrado pela indicação de Fernanda Montenegro ao Oscar como melhor atriz por sua atuação no papel da professora aposentada Dora, “Central do Brasil” tornou-se um fenômeno ao retratar com profundidade a realidade de milhões de brasileiros através das histórias da protagonista, do menino Josué e demais personagens do filme lançado em 1998.
Que Horas Ela Volta
Escrito e dirigido por Anna Muylaert, o drama familiar retrata a vida de uma babá que trabalha para uma família rica em São Paulo revelando conflitos e desigualdades produzidos a partir dessa relação, tensionada pela chegada da filha da trabalhadora doméstica à casa dos patrões. Venceu o prêmio da Confederação Internacional de Cinema de Arte e Ensaio no festival internacional de Berlinale e de atuação no Festival de Saudance concedido às atrizes Regina Casé e Camila Márdila.
O Pagador de Promessas
Escrito e dirigido por Anselmo Duarte, este foi o primeiro longa brasileiro a conquistar a Palma de Ouro no Festival de Cannes e a ser indicado para o Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro, em 1963. A história mostra um homem humilde que faz uma promessa e, ao tentar cumpri-la, se depara com barreiras de ordem religiosa e moral, em um roteiro marcado por críticas sociais, ambientado na Bahia.
Carandiru
O filme teve o roteiro escrito por Victor Navas, baseado no livro de Drauzio Varella e dirigido por Héctor Babenco, Relata histórias de detentos daquela que foi a maior prisão da América Latina, “Carandiru” evidenciou a realidade prisional enfrentada por milhares em condição de privação da liberdade no Brasil. Recebeu o prêmio Glauber Rocha do 25º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana, dentre outros, e está na lista da Abraccine entre os cem melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
Cabra Marcado para Morrer
Dirigido por Eduardo Coutinho, nominado melhor documentário no Festival de Havana, no Festival Internacional de Cinema Etnográfico e Sociológico de Paris — e premiado também em Berlim —, o filme mostra a luta de camponeses pela terra e a perseguição sofrida por líderes do campo por latifundiários durante a ditadura. A produção dirigida por Eduardo Coutinho foi interrompida pelo regime militar sendo retomada quase 20 anos depois, durante os anos 1980.
Terra em Transe
Um dos aclamados longas do diretor Glauber Rocha, expoente do Cinema Novo. O filme conquistou, por exemplo, o prêmio da Crítica Internacional no Festival de Cannes de 1967 e expõe a disputa pelo poder político em Eldorado, localizada na América do Sul e governada por um déspota que odeia o seu povo.
Cidade de Deus
É uma adaptação roteirizada por Bráulio Mantovani a partir do livro de mesmo nome escrito por Paulo Lins. Foi dirigido por Fernando Meirelles, codirigido por Kátia Lund. Amplamente repercutido e premiado, o longa traz um retrato da vida na favela Cidade de Deus através das lentes e do olhar do jovem Buscapé. Vencedor de diversos prêmios, destacadamente: melhor edição no BAFTA Awards, melhor filme nos festivais do Uruguai e Guadalajara, de direção no festival de Marrakech. Recebeu indicações para o Oscar em quatro categorias.
Pixote
A realidade de crianças vivendo nas ruas de São Paulo personificada no protagonista Pixote é um dos grandes sucessos do diretor Héctor Babenco, lançado em 1980 e baseado no romance “Infância dos Mortos”, do escritor José Louzeiro. Dentre outras honrarias, levou o prêmio da Associação de Críticos de Cinema de Los Angeles como melhor filme estrangeiro no ano de 1982.
Bacurau
A película conta a história de uma pequena vila sertaneja de nome Bacurau, ameaçada por invasores depois de sumir dos mapas da internet, misturando gêneros como aventura, ficção científica e suspense. Dirigida por Kleber Mendonça, levou o prêmio do júri do Festival de Cannes e transformou-se em uma das produções nacionais recentes de melhor bilheteria fora do país.
O Cangaceiro
Exibido em mais de 80 países, “O Cangaceiro” foi um dos primeiros filmes nacionais a receber títulos fora do Brasil, incluindo o prêmio de melhor filme de aventura e de melhor trilha sonora no Festival de Cannes. Inspirado na figura de Lampião e tendo o cangaceiro Teodoro no papel de protagonista, o célebre longa dirigido por Lima Barreto.
*Com informações de Uol
